Entre os concorrentes ao Oscar 2014 divulgados
nesta quinta-feira, no páreo para brigar por uma estatueta no dia 2 de março,
foi incluído “um filme mágico”. Essa foi a alcunha dada a "Nebraska",
de Alexander Payne, no Festival de Cannes, onde, em maio do ano passado, fez
sua estreia mundial, arrebatando o prêmio de melhor ator, dado a Bruce Dern. Ele
está indicado ao prêmio da Academia de Artes e Cinematográficas de Hollywood,
onde o longa-metragem, ainda sem data de estreia confirmada no Brasil, concorre
também nas categorias filme, diretor, atriz coadjuvante (June Squibb),
fotografia e roteiro original. Fazendo da simplicidade sua matéria-prima, a
nova dramédia do diretor de "Os
descendentes" (2011) tem a grandeza que um ganhador de estatuetas douradas
precisa e deve ter. Sua exibição em Cannes comoveu os dois mil espectadores da
maior sala do Palais de Festivals. Foi risada para todo lado, aplauso durante a
projeção e fungadas de choro no final. Os oscarizados serão conhecidos no dia 2 de março.
- De uma certa forma, esta é uma jornada alma
adentro pelo espírito americano, em seu momento de desilusão com os
contratempos financeiros – explicou payne ao COMPADRE CINEMA na Croisette.
Filmado em preto e branco, com uma direção fotográfica
deslumbrante de Phedon Papamichael, "Nebraska" é um road movie
pontuado por piadas sobre a crise econômica dos EUA e o desemprego por ela
causado. Na trama, escrita por Bob Nelson, o alcoólatra septuagenário Woody
(Bruce Dern) recebe um cupom publicitário dizendo que ganhou US$ 1 milhão, que
serão dele desde que ele vá a uma outra cidade buscar a grana. Para desespero
de sua mulher Kate (June Squibb, numa atuação deliciosamente divertida), Woody
sai pelas estradas andando bêbado como um gambá para ir atrás de seus prêmio.
Eis que seu filho mais jovem David (Will Ford) entra na história e decide
conduzir o pai numa viagem pelas estradas americanas. A cada parente ou amigo
de Woody que entrava em cena, uma gargalhada corria por Cannes.
- Eu penso a comédia sempre em alusão ao que foi
feito no gênero na era muda do cinema, quando o movimento dos atores era
indispensável para transmitir uuma gag. O preto e branco nunca abandonou as
experiências mais autorais da fotografia, nem do cinema, vide “Manhattan”, de
Woody Allen, ou “Touro indomável”, de Scorsese – disse Payne, que trabalhou com
a filha de Bruce, Laura Dern, em seu primeiro longa de sucesso, “Ruth em
questão” (1996).
Em “Nebraska”, Bruce Dern fala pouco mas atravessa
todos os 110 minutos do filme com uma expressão quase caricata de assombro, que
produz risos instantaneamente. E conforme a relação entre pai e filho vai se
estreitando, os clichês da trama vão se enfraquecendo e a doçura vai reinando.
Habilidoso na direção como poucos cineastas da comédia conetmporânea, Payne
conduz sua narrativa preocupado em organizar sua linguagem cinematográfica com
o máximo de clareza e realismo como no grande cinema americano nos anos 1970.
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