Visto por 263.400 pagantes em seu
fim de semana de estreia, “Confissões de adolescente” confirmou, na telona, uma
vocação para o sucesso popular que já vinha de sua gênese teatral, como peça de
Maria Mariana, e de série de TV. Foi o próprio diretor do seriado, o midas
Daniel Filho, quem assina como realizador a adaptação cinematográfica, em
parceria com Chris D’Amato. Mas o roteiro do longa foi trabalhado por um dos
cineastas mais talentosos da nova geração: Matheus Souza, que dirigiu “Apenas o
fim” (2008). A pedido do COMPADRE CINEMA, Souza escreveu um artigo acerca da
experiência de verter em forma de filme um marco da dramaturgia jovem no
Brasil.
Com vocês... Matheus Souza:
"Lado negativo de ser o escolhido para adaptar um
texto famoso e querido pelo público: fãs xiitas da versão anterior vão sempre
reclamar que o original era melhor (em uma obra para jovens, especialmente, um
fã pode até afirmar que sua “adolescência foi arruinada”).
Lado positivo de ser o escolhido para adaptar um
texto famoso e querido pelo público: quase ninguém sabe quem é o roteirista,
vão acabar culpando outra pessoa.
O 'Confissões' era uma obra complicada de adaptar.
Apesar de recente, já se trata de uma produção de época (assim como o próprio
filme será em alguns anos). O aspecto óbvio dessa complicação é a tecnologia,
claro. Na série dos anos 90 não tinha Internet e celular, dois fatores
fundamentais da vida jovem hoje. Mas não é só isso. O mundo pop infanto-juvenil
passou por uma grande virada nos anos 2000 (se estiver de bobeira, leia a frase
em voz alta, ela rima).
Em 2001 foi lançado 'Shrek' e as coisas mudaram. De
repente, as princesas não esperavam mais seus príncipes em castelos indefesas.
Elas lutavam, tinham personalidade, atitude e humor. E, ainda por cima, se
apaixonavam por um ogros feios e gordos com problemas de amadurecimento. O
padrão pegou e os homens foram ficando cada vez mais frágeis na cultura pop
('The Big Bang Theory', comédias de Judd
Apatow etc) e as mulheres mais poderosas e livres ('Jogos Vorazes', 'Missão
Madrinha de Casamento' etc).
Além disso, 'Shrek' era engraçado e atraente para
todos os públicos. Não subestimava a inteligência dos mais novos e ainda servia
de bom entretenimento para os adultos. E essa é a fórmula básica que separou os
sucessos dos fracassos na década. Aqui no Brasil até a Turma da Mônica precisou
se renovar para emplacar com a nova geração.
Então esse foi o meu lema ao trazer o 'Confissões
de Adolescente' para os “novos tempos”: Manter a essência do original (primeiras
experiências na vida de um jovem), mas me dando a liberdade de mudar o que
fosse necessário para tornar o filme tão pertinente e real quanto a série foi
no seu retrato de uma época".
Nenhum comentário:
Postar um comentário